Pastor Sérgio Carlos da Silveira
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. (Hebreus 11:1)
Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos. E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR. (Salmos 40:1-3)
A Riqueza
Quando lemos a Bíblia vemos Jó como homem mais rico do Oriente. E nem sempre pensamos no conforto que sua família conhecia, pois por preconceito acreditamos que esta é uma facilidade de nossa época. Jó era um homem rico e como tal vivia cercado de amigos, riqueza e tinha o conforto que seu poder aquisitivo podia garantir. Provavelmente vivia em uma bela casa e é certo que tinha muitos empregados e escravos pois era este o costume de então. Sua esposa era uma dama e suas filhas estavam cercadas dos mimos que era comum ao seu povo. Viviam todos com muita pompa, já que ele era um homem admirado e querido.
Podemos imaginar que seus empregados vestiam-se com elegância e viviam todos em função daquela família poderosa, que por certo recebia muito bem aqueles que eram seus iguais e que vinham ter com eles.
Era uma família feliz e unida, que viviam festejando entre si. Diz a Bíblia que os dez filhos do casal eram amigos e se visitavam com frequência e que estes encontros eram muito festivos. Mesmo sendo ricos e aclamados como poderosos, Jó e sua família tinham um coração simples e viviam em comunhão com Deus, reconhecendo sempre que o que possuíam veio como bênção, como favor do Senhor.
A Tragédia
Só que a tragédia um dia se abateu sobre eles. Em um único dia muitas más notícias chegaram à Casa de Jó: O gado tinha foi levado pelos ladrões, seus empregados estavam mortos, suas ovelhas e os seus pastores, no campo foram destruídos pelo fogo, seus camelos levados pelos caldeus e os servos mortos à espada, e, para machucar de fato aqueles pais, seus filhos e seus corpos estavam soterrados nos escombros da casa que fora abatida pelo vento do deserto.
A Paz
É de imaginar a dor que se abateu sobre o coração destes pais. Num momento possui uma família feliz e unida e no outro, sem esperanças, choram a morte de seus filhos queridos. Sendo Jó um homem justo, por certo sentia sobre si toda a responsabilidade da dor causada às muitas famílias que foram atingidas por sua tragédia pessoal.
Mesmo assim em sua dor, chorando suas perdas, Jó continuou confiando em Deus. Diz a Bíblia que assim mesmo o adorava.
A sua esposa, em sua dor também, olhava tudo aquilo, sofrendo com a falta de seus filhos queridos. Isto porque é mais comum as mulheres serem mais observadoras, detalhistas até, então a falta de seus filhos era cercada de lembranças pequeninas que se avolumavam frente a quantidade de filhos que lhe faltava: todos. E tem mais, em geral as mulheres sofrem mais e estendem seu luto por mais tempo, no caso dela, seria mesmo maior. Não foi uma morte natural, e sim uma tragédia que lhe tomou todos os filhos em um só golpe.
A sua esposa, em sua dor também, olhava tudo aquilo, sofrendo com a falta de seus filhos queridos. Isto porque é mais comum as mulheres serem mais observadoras, detalhistas até, então a falta de seus filhos era cercada de lembranças pequeninas que se avolumavam frente a quantidade de filhos que lhe faltava: todos. E tem mais, em geral as mulheres sofrem mais e estendem seu luto por mais tempo, no caso dela, seria mesmo maior. Não foi uma morte natural, e sim uma tragédia que lhe tomou todos os filhos em um só golpe.
Jó permaneceu em Paz. O sofrimento evidenciava seu caráter íntegro, sua paciência e autocontrole, sua confiança em Deus inabalável. Para ele cada dor e perda fazia parte das contingências da vida, a dor era parte da experi6encia humana.
Já sua esposa olhava para sua dor como definitiva, lembrava os meses de sofrimento com cada gravidez, cada luta, cada espera. Sua experiência era traumática e ela tinha uma visão diferente de tudo o que estava lhe acontecendo.
Provavelmente, nos primeiros dias, ela tentasse levar a vida de forma razoável, o que sobrara de riqueza e sua imensa casa, agora vazia, não alegrava seu coração, que vazio, enchia-se de tristeza e amargura. Mesmo tentando manter a calma, ela já não conseguia fugir do desespero e a revolta que é comum nestas horas, ela direcionou para a fé do marido. Afinal ele mantinha acesa a sua esperança. Muitas pessoas não compreendem certas situações, mesmo que tenha passado por algo igual, e, ao lerem sobre a atitude desta mulher a acusa até de ser ré do inferno. O que não é verdade. Deus é misericordioso e nos perdoa à vista. Não perde tempo creditando perdão em parcelas.
Uma nova Provação
Na verdade as provações de Jó ainda não estavam findas. Sua última prova alcançou o corpo de Jó em forma de uma enfermidade de pele. Um acúmulo de tumorações tomou conta de todo o corpo de Jó e e ele, para diminuir a dor e coceira, coçava-se com um caco de telha, enquanto refugiava-se das moscas, envolvendo o corpo em cinzas.
Com as tumorações vieram os problemas que a pioravam, insônia, fastio, mau hálito, desanimo e outras coisas mais que o perturbavam e que afetavam diretamente a sua esposa. Tudo isto mexia com a estabilidade emocional daquela mulher. Na verdade ele deve ter passado por um estado de depressão, o que é bastante aceitável dado a situação. Provavelmente era uma mulher que vivia longe das dificuldades desde a juventude e sofrer todas estas de uma vez a perturbaram grandemente.
Foi ao atingir o ápice de sua dor, que ela reagiu de forma assustadora, dizendo ao marido: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre”.
Na verdade ela chegara ao seu limite.
Ela esqueceu-se de que nas provações não podemos olhar para nós mesmos, mas sim para Deus. Afinal a autocomiseração é sempre destrutiva e leva a enfermidades. O que faz com que o inimigo acabe ganhando terreno. Só que no momento de dor lembrar disto é bastante difícil e devemos ser justos e compreensíveis uns com os outros. E neste caso, com esta mulher.
Jó chamou a atenção de sua mulher. Ele não aceitava falar em desistir de lutar, de sonhar e viver. Ele repreendeu-a, afirmando que ela falava como um alouca – ele não a xingou de doida como muitos dizem – ele a comparou a alguém sem juízo. Para ele a Fé era a força de sua existência e ele não permitiria que esta chama, por menor que fosse se apagasse.
Claro que ela ouviu a a exortação de seu marido e passou a meditar mais. Acredito até que se tornou um pouco mais paciente.
Quando tudo terminou a bênção voltou ao lar e eles puderam ter novos filhos, que lhes encheram a vida de alegria. Os bens foram restituídos e esta mulher mais uma vez pode ter em seus braços novos filhos para ninar, amar e educar debaixo da Fé. E debaixo da esperança que este sofrimento conseguiu imprimir em seu caráter.
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