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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Luto

O Luto

Elisabeth Lorena Alves
A vida tem várias etapas, algumas são precipitadas em nosso ponto de vista, mas também algumas delas são precipitadas por nossas ações e pelas atitudes inconsequentes de outrem.
Sim devemos ser realistas quando falamos da vida, afinal ela vai do nosso nascimento à nossa morte, passando por nossa formação, casamento e outras etapas em que ela consiste. Muitas vezes nos esquivamos de certos assuntos e a morte, sem dúvida é algo que a Igreja do Senhor parou de falar. Aderindo assim aos novos costumes da Sociedade atual que tirou os velórios das salas das casas e da participação social e familiar, transformando em um espetáculo triste e mórbido reservado a alguns, de preferência às portas do túmulo ou beira da cova. Em algumas famílias não se espera nem mesmo que os parentes do outro bairro cheguem para acompanhar o féretro.
Só que a Bíblia fala da morte e do sofrimento que ela trás às famílias, afinal apresenta a morte relacionada a Deus, com a morte de Jesus, que passou por ela e venceu, ressuscitando: Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; (Romanos 6:5). sim Jesus foi considerado pelo profeta Messiânico como um homem de dores (Isaias 53-3 e 4). E também nos assegura que podemos passar pelo vale da sombra e da morte (Salmo 23-4) e assim não nos deixa enganados, pois nos mostra a morte não só como consequência do pecado, como ela se originou ainda no Éden, mas como uma das fases naturais do viver do homem e isto é de fato o natural.
Claro que a morte é o final de relação humana, mas para os cristãos esta separação é passageira, já que cremos que ressuscitaremos com Cristo e teremos uma nova oportunidade de nos encontrarmos com as pessoas que amamos e que um dia conviveram conosco, mesmo que quando isto acontecer não tenhamos mais estes laços que são terrenos: pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu (Mateus 22-30 ).
Se bem que estamos falando da morte na visão humana, onde sentimos a separação, que é uma dor natural, inevitável, mas como Jesus, por exemplo, viria o Luto? Bem estamos falando de Jesus Cristo que em seu Sermão da Montanha disse que “São felizes os que choram porque serão consolados” e isto só vem nos afirmar que o sofrimento, a dor é uma realidade e para pensar bem, se está entre as “Bem Aventuranças” ela não é de todo ruim.
Se chorar durante o luto fosse de fato prejudicial à Fé, Jesus teria censurado as lágrimas de Maria e Marta quando Lázaro morreu e Ele também chorou. Claro que sempre dizemos que por causa da dureza de coração, mas não foi a única vez que o Mestre chorou. Ele ficou triste com a morte de João Batista. Ele também chorou quando orou ao Pai e estava enfrentando uma dor imensa, já que sua morte era iminente.
Precisamos entender que sentir a dor que a morte trás por causa da separação em si, pois fica o vácuo da ausência da pessoa que amamos. E nesta hora é necessário que os amigos estejam juntos, trazendo o conforto necessário, um abraço, uma palavra e aquela presença que nos fará lembrar que apesar de uma perda, ainda existem outras pessoas que nos amam estão ao nosso lado.
Nesta hora a Igreja também está presente, através do Pastor, que deve estar pronto para assistir a família enlutada em suas necessidades, trazendo não só uma Palavra de apoio, mas a presença necessária. No livro de Tiago esta escrito que é necessário "visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações” e o luto é uma grande tribulação. Sim, afinal isto é o que de fato nos liga a Deus, e o que nos liga a Deus nos liga ao próximo: A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo (Tiago 1:26-27). E fazer esta visita no momento de luto é sem dúvida o papel do pastor. No livro O Ministro durante as Crises, David Switzer nos dá alguns conselhos práticos para os pastores, ensinando-os a procurar a família enlutada assim que é informado da morte. Na verdade ele dá alguns passos para esta visita, que inclui uma primeira visita, que deve ser particular, para mostrar o interesse, ouvir mais do que falar. Em uma próxima visita, de preferência antes do funeral, o pastor deve indagar os motivos e circunstâncias da morte e outras perguntas pertinentes, inclusive, se houver interesse por parte dos familiares tratarem de uma reunião fúnebre. Nestas reuniões a Palavra de animo, falar sobre a importância do ente querido e lembrar do nosso encontro no Céu é algo natural a se fazer.
É interessante também que estas visitas aconteçam por alguns meses seguidos, alternando datas e ajudando a pessoa voltar aos poucos ao convívio da Sociedade. Abortar o luto é extremamente prejudicial, mas viver enlutado eternamente também e uma pessoa que apoie a família neste momento, torna esta transição mais fácil e mais rápida também, além de ser o elo destas pessoas com a sua realidade pós morte.
Obviamente que atender os enlutados não é uma obrigação apenas do pastor, embora este deva ter sobre si esta responsabilidade e preparar-se bem para entender todos os processos do luto, só assim poderá de fato ajudar, pois estará apto para entender o que se passa com a pessoa quando ouvir sobre sua aflição e entender também o processo de dor.
Os amigos devem tentar, com delicadeza sempre, fazer que a pessoa enlutada fale sobre a pessoa amada, sobre sua passagem e também sobre as causas da morte. Ao focar-se nos bons momentos que viveram juntos, a pessoa faz com que a família enlutada volte os olhos para outros sentimentos que não apenas a dor e assim alcançara a maturidade emocional necessária para sair de seu momento de dor e encarar a vida como outra possibilidade.
O luto é o sentimento que vem da dor da perda, mas não existe um modo específico para curá-lo sem tratar alma machucada pela perda, afinal é algo que só se cura de dentro para fora. E para se conseguir isto é necessário que quem apoia a família saiba entender os momentos de tristeza, as horas em que é necessário ficar a sós com a dor e a hora de ter alguém por perto.
Para nós cristãos fica mais fácil porque procuramos fazer estes atendimentos amigáveis cobertos por orações sempre e o Espírito Santo Consolador por Excelência, nos orienta sobre o modo certo de agir.
Atender um irmão ou amigo no momento de dor, consolando-o é também um ato de amor ao próximo. E não devemos abrir mão disto, afinal o amor é a marca do cristão, é o que identifica como servo de Deus, como discípulo de Jesus: Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros (João 13:34-35).




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