Papo de Ovelha
Obreiro Carlos Alexandre
(Palavra de Domingo)
Crentes Sensíveis
Hoje, mais um culto de Santa Ceia, mais uma vitória, mais uma conquista que só quem é espiritual pode entender a dimensão e aproveitar de fato e verdade.
A parte inicial e primeira palavra vieram a nós pela vida de nosso amado irmão e obreiro Carlos Alexandre que falou sobre o cego Bartimeu. Vale observar que este homem, que a Bíblia não diz o nome, só diz de quem ele era filho - embora não saibamos mesmo assim quem foi Timeu, seu pai - creu no Senhor Jesus e em seu poder de operar milagres apenas de ouvir falar, assim como Jó, que disse “Eu Te conhecia de ouvir falar, agora os meus olhos te vêem”.
Devemos lembrar que sensibilidade em demasia é prejudicial. |
Com o passar do tempo e o ouvir histórias nasceu no coração de Bartimeu uma fé difícil de destruir ou apagar. Só o Senhor podia ver o coração deste cego.
Jesus se aproximou da cidade e à beira do caminho jazia aquele cego, a pedir esmola, sem imaginar que Cristo passaria por ele. Ali assentado, envolto em sua capa, que era o que lhe dava o direito a mendicância – segundo o Pastor Bousshet, que foi o primeiro teólogo que vi pregar sobre os direitos dos miseráveis à época de Jesus – aquele cego permanecia como sempre. Talvez seu coração guardasse em segredo aquela esperança que Jesus passasse por ele e quem dera o curasse.
Só quem tem uma limitação física qualquer pode imaginar o sofrimento e dor que aquele cego sentia ali a mendigar. Tem sempre alguém para soltar uma lorota sobre o que necessita de ajuda alheia, isto é notório. Talvez outros deficientes ali a mendigar se aproveitasse da cegueira do jovem Bartimeu e lhe roubasse os parcos ganhos ou mesmo apenas o peso da cegueira o deixasse ali desorientado a teimar com uma esperança pequenina. Toda situação de diferença trás ao seu portador o estigma da discriminação e do desprezo, principalmente numa sociedade antiga, que atribuía toda deficiência física, visível ou não, como um castigo divino por pecados dos pais ou do próprio portador.
Era esta a realidade de Bartimeu, mas ele cria.
Jesus ao se aproximar foi o causador passível de uma grande confusão, afinal uma grande multidão seguia sempre ao Messias, uns esperando receber um milagre, outro esperando ver os milagres acontecerem e outros ainda dispostos a irem até as últimas conseqüências para desmoralizá-lo. Assim sendo, aonde Jesus chegava acontecia ao menos uma elevação de voz, algo que mostrasse que ele estava por ali.
Dado a sua habilidade de ver o mundo com seus ouvidos, Bartimeu reparou de pronto que algo diferente acontecia na cidade, o burburinho já se tornava uma confusão de vozes, mas ele ouviu algo sobre o visitante. Era Jesus.
O coração daquele cego se alegrou de pronto. Ele começou a gritar no meio da multidão para se fazer ouvir. Gritava por misericórdia. Jesus Filho de Davi, tenha compaixão de mim e gritava cada vez mais alto. Ele sabia que esta poderia ser sua única chance. Então ele gritava. As pessoas que se aglomeravam à beira do caminho para ver o visitante que chegava, começaram a desestimular Bartimeu, mas ele, envolto em sua esperança gritava mais e mais. Várias vozes se ouvia a dizer: “Não perturbe o Mestre”, “Ele não vai te ouvir” e outras palavras que são lançadas sobre quem quer fazer algo.
Certo é que Jesus parou e a multidão que o seguia também. Ele virou-se em direção a voz do cego e disse: “Chamai-o” e a mesma multidão, que antes incitava o cego para que não perturbasse o Mestre,a gora diz ao Cego: “Tenha bom animo. Levanta-te o Mestre te chama”. Bartimeu aproximou-se de Jesus tão certo de sua vitória que ao levantar-se, lançou de seus ombros sua capa. Aquela mesmo, que lhe dava o direito de mendigar.
Ao achegar-se a Jesus, ele foi surpreendido com uma pergunta no mínimo curiosa: “O que queres que eu te faça?” Por certo as pessoas desistiriam frente à uma pergunta tão óbvia. Afinal Jesus via que aquele homem era cego. Era de se esperar que Jesus o curasse. Mas Jesus fez a tal pergunta e esperou uma resposta: “Mestre, que eu torne a ver”. No mesmo instante aquele homem foi curado.
A fé do cego o curou, disse o Senhor Jesus.
Se formos analisar bem esta passagem, nos depararemos exatamente com a estranheza da pergunta. Ora se o homem era cego e tendo o Senhor poder de curar, só podia ser este o seu desejo: “Ter de novo sua visão restabelecida”
Na prática
Existem no meio cristão, alguns irmãos hipersensíveis, toda e qualquer atitude, por mais singela que seja é de pronto visto pela ótica da sua sensibilidade, a pessoa se sente a última bolachinha do pacote – como diria meu Pastor parafraseando a juventude – o não me toque. Assim, as pessoas à sua volta para darem conta do árduo exercício da convivência têm que adquirir a habilidade de andar sobre ovos.
E quem convive com pessoas tão à flor da pele, sabe que é uma perca de tempo. Se pararmos para dar maior atenção à estas situações deixaremos para trás o foco do Evangelho: GANHAR ALMAS.
Este cego deixa-nos algumas lições:
1. Não desistir, mesmo que a vida nos pregue peças maiores que as suportáveis;
2. Crer, mesmo que a situação seja difícil a os obstáculos – a multidão – se mostrem maiores e mais racionais que nós;
3. Dar uma prova de nossa determinação – ele abandonou a capa;
4. Enfrentar até o que nos parece desnecessário. Não desistindo mesmo que nos enfrentem com o obvio. Afinal, é nossa atitude que nos fará conquistar a vitória;
5. E o mais importante: para termos sucesso em nossas vidas e resposta a nossa oração, é necessário sermos mais adultos, agirmos com a racionalidade. Afinal racionalidade é verbalização, é fácil de conjugar, sentimentalismo piegas não.
Que magnífica história o Senhor nos permitiu vivenciar através da vida deste cego.
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