Deserto e comunhão
Irmã Beth
Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração.
(Oseias 2-14)
Introdução
Comumente ouvimos alguns irmãos falarem que estão no deserto, mas a maioria não sabe o que é de fato estar neste lugar e não entende qual o propósito para isto na vida de um cristão.
O deserto serve para provar o crente, para conhecer a têmpera do servo do Senhor. Mas erra quem acredita que é para provar para Deus algo. Você não fará nada que surpreenda o Senhor, se conseguisse, então Ele não seria mesmo Deus.
Na verdade o deserto serve para que nós conheçamos a nós mesmos e as pessoas que nos cercam.
O deserto e seus perigos
As areias e ventos que assolam nossa caminhada no deserto marcam-nos para sempre, deixando em nossa pele os sinais de nossa peregrinação. As cicatrizes e traumas deixaram de doer, mas permanecerão em nós para o resto de nossa vida e nos acompanharão em nossa caminhada. É no deserto que aprendemos confiar de fato no Senhor. Afinal, no deserto tem todo o tipo de animal, leões que rugem hienas que gritam, serpentes que sibilam, corvos que sobrevoam procurando alimento, elefantes e crocodilos, o clima é seco de dia e gelado de noite.
As Lições do deserto
No deserto ou você confia em Deus ou é devorado pelo inimigo, que se disfarça de qualquer coisa para destruir a sua vida.
Muitas vezes é necessário reconhecer o motivo de estarmos no vale, mas vai ser uma descoberta solitária, pois você esta sozinho.
Certo é que no deserto ou você aprende e cresce ou sofre e morre.
Só que o deserto não é algo prejudicial, ele te muda, molda teu caráter. As perdas que nos acontecem ali são para formar nossas defesas. Há falta aparente de alimento, pois o deserto parece improdutivo, mas não é assim. No deserto é que conhecemos a despensa do Senhor, que supre nossas necessidades e nada nos falta, pois apesar de nos sentirmos sozinhos, o nosso Pastor nos guia neste lugar. Assim, aprendemos a viver pela Graça e conhecemos enfim o significado de nossa oração: o pão nosso de cada dia dai-nos hoje (Mateus 6-11).
É normal a pessoa sair do deserto transformada e com isto ela acaba sendo usada pelo Senhor de forma surpreendente. Isto acontece pois a pessoa conhece o seu limite e o ultrapassa em sua luta para permanecer viva e firme em Deus. Isto se torna possível, pois neste lugar é que ao conhecer até que ponto podemos confiar e depender do Senhor, aprendemos a contornar situações antes catastróficas e aprendemos que no Senhor superamos todos os obstáculos, pois a Sua Fidelidade não nos abandona.
Os abutres que esperam ver a nossa derrota, decepcionam-se, pois o Senhor nos tira do deserto no tempo certo, quando nossos olhos já suportam todos os ventos, quando nossos ombros estão fortes para tomarmos nossa cruz e seguirmos adiante. Os leões passam fome, quando o servo do Senhor peregrina no deserto, assim como sofrem as hienas, os crocodilos e todos os bichos que tentarem destruir aquele que serve a Deus.
Infelizmente os leões, abutres, crocodilos, hienas, serpentes e elefantes deste deserto, são pessoas que nos cercam e nos acusam, mas mesmo destes o Senhor nos livrará!
A Comunhão
É no deserto que o Senhor testa os nossos corações e que nós descobrimos o quanto somos dependentes do Senhor, pois ali nada nos falta, mas isto não se deve ao nosso esforço ou as nossas posses, pois nada encontramos que justifique nossas conquistas. É ali também que reconhecemos o que de fato significa dizer: Tudo posso Naquele que me fortalece (Felipenses 4-13) .
Aprendemos a reconhecer qual a vontade do Senhor para as nossas vidas e também reconhecemos a Sua Voz, quando fala conosco, pois durante os ventos e tempestades clamamos a Ele, que sempre vem em nosso socorro, assim, aprendemos a percebê-lo quando se manifesta a nós e quando nos resta apena o silêncio de Sua presença. Sim, aprendemos que o Senhor não se afasta de nós, mesmo quando não ouvimos a Sua Voz ou não sentimos o Seu mover ao nosso encontro. Aleluias!
No deserto vemos leão passar fome, hiena ficar sem graça, crocodilo sumir e abutre chorar, quando o Senhor nos livra, pois a promessa é irmos ao deserto para aprender e não para morrer nas garras dos animais selvagens. E ali também ao aprendermos o que o Senhor espera e clamarmos a Ele, então nos livrará, pois é esta a promessa: Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei (Salmos 91:15).
Quando clamamos ao Senhor, mesmo no deserto, no tempo certo, Ele vem em nosso socorro e então somos livres. Uma vez livres, nos descobrimos melhor, mais fiel, mas gratos e mais íntimos de Deus.
Agora, quando pensar em deserto, esteja certo, mesmo lá, o Senhor é contigo.
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