Números 6:25
Você é uma pessoa agradecida?
A maioria das pessoas reclamam por conviver com os que não sabem reconhecer um favor ou uma amizade. Mas entre os que reclamam a quem age da mesma forma, afinal, ver o defeito alheio é melhor do que sentar e prestar atenção no seu próprio defeito.
Uma pessoa agradecida reconhece o que recebe e agradece pelo que lhe faz bem. Valoriza a pessoa que lhe estende a mão e lhe dá apoio. Encontra a melhor forma de agradecer e consegue expressar esta gratidão. E jamais esquece do bem recebido.
Só que a experiência nos mostra que o nosso orgulho faz com que isto seja bonito apenas no discurso, pois quando partimos para a vivência, preferimos esquecer o bem que recebemos e comentar as injúrias recebidas, mesmo que estas venham de nossos melhores benfeitores.
Para esta meditação, talvez seja interessante lembrar de um texto da Sabedoria Oriental sobre dois amigos, que nos foi contada pelo escritor Malba Tahan.
Dois amigos, Mussa e Nagib, viajavam pelas extensas estradas que circulam as tristes e sombrias montanhas da Pérsia. Ambos se faziam acompanhar de seus ajudantes, servos e caravaneiros.
Chegaram, certa manhã, às margens de um grande rio, barrento e impetuoso, em cujo seio a morte espreitava os mais afoitos e temerários.
Era preciso transpor a corrente ameaçadora. Ao saltar, porém, de uma pedra, o jovem Mussa foi infeliz. Falseando-lhe o pé, precipitou-se no torvelinho espumejante das águas em revolta. Teria ali perecido, arrastado para o abismo, se não fosse Nagib.
Este, sem um instante de hesitação, atirou-se à correnteza e, lutando furiosamente, conseguiu trazer a salvo o companheiro de jornada.
- Que fez Mussa ?
Chamou, no mesmo instante, os seus mais hábeis servos e ordenou-lhes gravassem na face mais lisa de uma grande pedra, que perto se erguia, esta legenda admirável:
"Viandante ! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib salvou, heroicamente, seu amigo Mussa".
Isto feito, prosseguiram, com suas caravanas, pelos intérminos caminhos de Allah.
Alguns meses depois, de regresso às terras, novamente se viram forçados a atravessar o mesmo rio, naquele mesmo lugar perigoso e trágico.
E, como se sentissem fatigados, resolveram repousar algumas horas à sombra acolhedora do lajedo que ostentava bem no alto a honrosa inscrição.
Sentados, pois, na areia clara, puseram-se a conversar.
Eis que, por um motivo fútil, surge, de repente, grave desavença entre os dois companheiros. Discordaram. Discutiram. Nagib, exaltado, num ímpeto de cólera, esbofeteou, brutalmente, o amigo. Que fez Mussa? Que farias tu, em seu lugar? Mussa não revidou a ofensa. Ergueu-se e, tomando, tranqüilo, o seu bastão, escreveu na areia clara, ao pé do negro rochedo:
"Viandante ! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib, por motivo fútil, injuriou, gravemente, o seu amigo Mussa".
Surpreendido com o estranho proceder, um dos ajudantes de Mussa observou respeitoso:
- Senhor ! Da primeira vez, para exaltar a abnegação de Nagib, mandaste gravar, para sempre, na pedra, o feito heróico. E agora, que ele acaba de ofender-vos, tão gravemente, vós vos limitais a escrever na areia incerta, o ato de covardia! A primeira legenda, ó cheique, ficará para sempre.
Todos os que transitarem por este sítio dela terão notícia. Esta outra, porém, riscada no tapete de areia, antes do cair da tarde, terá desaparecido, como um traço de espumas entre as ondas buliçosas do mar.
Respondeu Mussa:
É que o benefício que recebi de Nagib permanecerá, para sempre, em meu coração. Mas a injúria. . . essa negra injúria... escrevo-a na areia, com um voto, para que, se depressa daqui se apagar e desaparecer, mais depressa, ainda, desapareça e se apague de minha lembrança!
Para Concluir
Como os dois amigos, é preciso aprender a escrever na Pedra de nosso coração as belas atitudes que nos fazem bem e nos aprimoram como seres humanos, quanto as atitudes que nos ferem, talvez seja importante escrever na areia do mar, para que sejam lavadas pelas águas e sugadas pelas ondas.Agradecer faz bem. A todos.
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