Romanos 12 – O Amor por arma
O escritor aos Romanos, adverte a necessidade do amor, da humildade, beneficência como armas para a nossa vida. No verso 9 ensina-nos a aborrecer o mal e ainda mais apegarmo-nos ao bem. Ora apegar-se é ter uma relação de intimidade, de inteireza, sem fingimentos ou constrangimento.
Não sei se o leitor já percebeu, mas as pessoas que afirmam não ajudar ao próximo, alegam sempre como justificativa para esta não ação a ingratidão alheia, mas na verdade existe menos ingratos no mundo do que se fala. A maioria das pessoas que reclamam da ingratidão dos outros, são aquelas que ao ajudar alguém as constrange. Sendo assim, a pessoa ajudada, por mais grata que seja, acaba sendo ferida.
Certa atitudes ditas como de “amor ao próximo” são na verdade exercício de autopromoção. A pessoa ajuda aquele que ela classifica como necessitado e condiciona esta pessoa a viver debaixo de suas asas e sobre seu constrangimento de forma permanente. Mas as pessoas precisam de ajuda para dar passos longos, grande parte dos necessitados do mundo estão procurando alguém que os ensine pescar e não pedindo o peixe, como se diz.
Uma certa parcela dos injustiçados de plantão é composta por “ajudadores interesseiros” que querem ter o controle da vida das pessoas sobre suas mãos. O que verdadeiramente ama o próximo, faz com uma mão e esconde a outra. Além de cumprir assim uma ordenança cristã e um princípio ético, trás ao coração do “ajudado” a certeza de que tudo o que recebeu ou recebe faz parte do sentimento que envolve a doação: O Amor.
Em que sentido entra aqui o tal mal do versículo 9? Ora, se faço o bem e condiciono a pessoa a quem dou meu auxílio a viver debaixo de minhas asas, estou sendo mal. Minha malignidade afronta esta pessoa, pois ela reconhece sim, por mais necessitada que esteja, que minha ajuda é interesseira, mesquinha e que por mais justa que eu pareça ser, sou uma pessoa mesquinha e uma hora, seja esta qual for, vou fazer a cobrança da gratidão de forma que seja exaltada a minha atitude de proteção.
Quando faço o bem, se olhar a quem, sem esperar nada em troca, acabo recebendo sim a gratidão, o reconhecimento daquele a quem estendi a mão e, no futuro, quando aquela pessoa tem a sua vida modificada pela atitude que consegui impor em um gesto de amor.
Sim, a verdadeira ajuda trás a certeza que a vida vai mudar, que há ainda esperanças, que existe sim um futuro a frente e que fazer algo novo, investir nele, é possível. Mesmo que quem estende a mão com verdadeiro sentimento nada diga para fazer com que os passos do necessitado mude, sua atitude de amor faz nascer naquele ser sensibilizado pela necessidade a semente do verdadeiro ajudador. Sim, quando ajudamos alguém com amor, estamos espalhando nestes corações a semente do verdadeiro amor.
O verso 10 diz para tratarmo-nos com honra e é o resumo do que significa ajudar alguém. Quando você dignifica o ato de auxílio a uma pessoa, transformando-o em uma atitude de amor, está na verdade investindo honra aquela pessoa, seja ela o mendigo da rua, o pedinte do farol ou o amigo necessitado que vive na mesma Comunidade que você.
Se nós que nos chamamos cristãos, amassemos o próximo – independente de quem seja e de onde esteja – teríamos plantado muito amor nestes corações e estaríamos colhendo exatamente isto: Amor. Mas ao contrário, aderimos a esta noção trágica de que ajudar as pessoas é perpetuar a pobreza e esta é uma filosofia deste Sistema Capitalista. O que faz da miséria moeda de troca e manipula o sentimento do povo, é esta política de emergência, que cria programas sociais para tapar buracos na esfera social. Agora estender a mão, parar no tempo e ensinar alguém a ter dignidade não limita a Sociedade, abre na verdade os olhos das pessoas no momento de necessidade para a sua verdadeira capacidade.
Jesus agia assim, foi através deste princípio de fazer a pessoa necessitada reconhecer sua capacidade que Ele salvou Zaqueu – com necessidades do espírito – e curou a mulher hemorrágica – da inferioridade imposta pelo sistema religioso, político e médico de então.
Pense Nisto.
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